Queria ser menos dramática, menos pensativa, menos assustadoramente sentimental. Menos paciente, menos negativa, menos antecipada, atropelada e efervescente. Queria parar de acreditar que a vida é linda enquanto todos os dias ela me mostra que não é. E enquanto cada dia passa mais depressa eu continuo me deixando acreditar que tenho todo o tempo do mundo. Queria largar as palavras porque elas me privam das ações e me fazem sentir que isso é bom quando na verdade não é também. Eu queria um pouco menos de tudo isso que tenho e que hoje em dia ninguém valoriza. Menos apego, menos ingenuidade, menos organização. Queria não ser tão implicante, tão chata, tão perfeccionista e preocupada. Não esperar e exigir tanto de mim e dos outros. Queria acreditar mais, em tudo que é possível e em tudo que eu sou. E aceitar quando as coisas dão certo. Acreditar merecê-las. Queria não ser tão grossa em certos momentos, não ser pavio curto e não descontar nos outros as minhas próprias frustrações. Não me culpar eternamente por um único erro, e parar de dizer que não os cometerei de novo porque sempre cometo exatamente os mesmos, e mil vezes. Queria pessoas tão compreensivas quanto eu, que de preferência se dispusessem a ouvir mais e falar menos. E pessoas que não julgassem os atos dos demais, porque isso não é direito de ninguém. Queria pessoas que abrissem os olhos para enxergar muito além do seu mundinho irreal. Eu quero não mais perder o sono, não mais me perder por quem não merece e perder um pouco mais o juízo porque a vida é uma só e passa voando.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
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